Aconteça
Aquiete
Amanhãs,
Agora
Apenas
Arquitete
Ampla
Atmosfera
Agitada
Alvoroço
Ante
Aspereza
Ardente:
Aconteça,
Apenas
Aquiete
Amanhãs,
Agora
Apenas
Arquitete
Ampla
Atmosfera
Agitada
Alvoroço
Ante
Aspereza
Ardente:
Aconteça,
Apenas
vou desistir da vida de vadia, virar amélia do lar
limpar a poeira daquele velho sofá no coração
chamar o moço, aquele lá, bem vestido
emprego importante, automóvel do ano
que paga conta, abre a porta, é gentil
é polido e admira o recato da mocinha
moço de bem, marido honesto
lê jornal, na hora do café
elogia a janta, feita com esmero
enquanto pensa na sobremesa
dorme ruidosamente
enquanto a noite chega e a vida passa
[seculares segundos, até o amanhecer]
acorda logo cedo, junto com o sol
enquanto entedia a vida da esposinha
[suspiro]
não adianta!
sem sexo, sem nexo
não tem dia a dia
na tua poesia
deixa esse moço enfadonho, tu gostas mesmo é do turbilhão
deixa a conta na mesa – dividida na graça, na leveza, na risada
deixa o carro fechado – caminha na luz da lua, no frescor da rua
deixa o sofá rasgar – o conforto é de deitar no chão gelado e trombar em parede
deixa a janta esfriar – o bom mesmo é matar fome de pele, na mordida, sem pudor
deixa a noite chegar e o dia amanhecer – segundos existem para o suor, a saliva, o sabor
dormir?
só quando a exaustão se instalar, até o cansaço passar
dorme ruidosamente
enquanto o dia chega e a noite se esvai
acorda com o sorriso preguiçoso
com segundos que passam lentos,
só para sorrir de novo e a pele urrar por mais
enquanto a vida não sacia, vadia
[suspiro]
não adianta!
não tem vadia
sem poesia
[sobre deixar de ser vadia: dia da mentira
Naturaliza o silêncio
Os passos do rubor
Da palavra mal dita
Do suor sem vontade
Do sim sem verdade
Insosso cotidiano
Costumeiro, acostumado
Invade a vida, senta na cadeira
E fica ali, acumulando: pó
E quando sai, sacode
Em cinco linhas, sem frases, sem fala, nem coragem
Se espanta com o sorriso do alívio, do outro
Depois da tempestade
Ardor intenso no sábado à tarde
Fome eterna sem saciedade
Maldita? Pele, barba, sorriso
Arranha, ri, morde, goza
G A R G A L H A
E nos dias cinzas, colore a vida
E sabe suportar, em silêncio ou aos brados
Intempéries de tristeza e sanidade
Ou instantes de voraz alegria
Deleita-se com a feliz conquista, do outro
Só pelo outro ser o outro,
E, simultaneamente, nós
Tempestade.
Sobre o Amor
Insano e fugaz, eterno
Espinho e Adverso
Desordeiro
Querer
E tu? Sai ou Fica?
Sobre o amor e seus espinhos
(Trecho de pintura de Olga Costa, artista plástica alemã, nacionalizada Mexicana. Atualmente em exposição no Instituto Tomi Ohtake/SP – Frida Kahlo – conexões mulheres surrealistas no México)
A noite se alonga linearmente, longínqua, em pensamentos díspares, confusos e entrecortados.
É no turbilhão de um imaginário, de pés em outros chãos possíveis, tangíveis ao viver… Querendo tanto…
Organiza a luta por ti!!! Agarra tua imensidão garota! Transforma-te no que tu és!
Rasga tua pele mansa e mostra tua força, refuga essa inércia!
Angustiante mania de rodar no mesmo lugar, de não expor tua sensível fragilidade, guardada na rispidez cotidiana…
(Confusa, confusa, confusa)
Desconfiada de ti, reverbera tua ansiedade, ecoando loucura!
Evoca a insana calmaria que tens guardada no fundo do teu ser: é hora!
sólida
lucidez:
insolúvel,
límpida,
descortês,
imutável.
fétida
nitidez
volúvel
lúcida
(lúdica?)
solidez
(solitária)
#MundoDeAna
Roda a saia, pequena
E deixa, e sente, e sorri
Aguarda a tormenta passar
E virar brisa suave
Roda a saia menina!
E pula, e grita, e canta
Canta desafinada
Mas segura de si
Do que ama, do que sabe
Do que vive e vibra
Segure-se, baixinha, na ventania
E roda, e anuvia, e aguenta a tormenta
Roda a saia, linda, louca e plena
E suspira, por saber
Que na luta miúda buscamos
O respeito, por mim e por ti
Conquista diária na fala articulada,
No cotidiano suado, sempre
De cabeça erguida, sem subserviência
Eu sei meu lugar. E rodo a saia
E choro o pesar, e celebro o dia
O amar, o viver o dançar.
Danço meu prazer.
Danço minha música
Canto voracidade.
Roda a saia menina
Dança e canta, que amar é mais
E raiva se combate é na minúcia
Na felicidade, destilando alegria
E eu sei meu lugar.
E eu sei que é só o começo do embate
E eu sei dos gritos de ódio, de rancor.
Escuto aqui, ao meu lado, na rua,
Eu sei, eu sinto, eu vejo
E entristeço, todos os dias
Mas sigo, amo e respeito
Todos os dias
E para cada um que duvidar
E para cada um que desafiar
E para cada um que debochar
Meu mais profundo e sincero amor
Desacatado, vadio, insano: amor
Pois eu, meu bem, sigo na luta
Gritando. E meu grito é por mim
Mas é também por ti. Tua raiva
Não passará. Teus brados eu escuto
E deixo a tormenta formar, e anuviar
Até a brisa suave chegar
E instalar a calmaria vinda do embate
E aí? Danço, rodo a saia, canto
Sem nunca cansar
Vomita a indignação
Das possibilidades de vida
De uma política ensandecida
Da falta de inspiração
Pelo cansaço do discurso
Fadado à constância
Fardado para a luta
Brado, grito, choro, pulo
Mas não, não silencio!
Meu mundo é do ruído
Minha gana é por um mundo
Que é de Anas, de Marias, de Miwas
De Pedros, de Carlos, de Joãos,
De Rosas, Margaridas, Lírios e Ipês
De uns, de outros, de todos
Que lutam ao lado ou não
Minha gana é pelo mundo
Meu voto é meu, e é por ti
por nós, por todos. É meu, é público
Dedicado e interessado. Declarado
Mas crítico e não cego. Pronto para seguir
No murro, na luta e nunca parar
Só subo no muro se for para ver
Mais longe e buscar mais mundo
Mais gente com vontade, insanidade
Mais fôlego de te perceber, também,
Com gana, de mais querer.
Rasga a pele
Dilacera a alma
Interrompe a vida
Destroça o corpo
Diminui a culpa
Minimiza o ato
Autoriza o tapa
O pau, a porra
Deixa o menino seguir
Legitima a vontade de gozar
E segue, acusa a menina:
De vestir, de andar, de beber, de existir
Aponta na rua e grita
Joga pedra, cospe, ejacula
Atira na lama, ignora o sofrer
Sofrer? Foi só um ato
Deixa a sociedade seguir
Na barbárie dos corpos
Que não podem viver
Sem pedir, ajoelhar, implorar
Até quando, mulher?
Até quando menina?
Enquanto banqueteiam-se
Isoladamente, futilmente
Desgastando a carne
Tratando como lixo
Até quando, homem?
Até onde humano?
Ri sociedade
Da piada sem graça
Do asco do corpo
Que segue na luta
Ri, com asco
Até quando?
Reage mulher
Usa tua voz
Tua gana
Tua força
Urra a plenos pulmões: NÃO MAIS
Meu corpo, minha luta, meu prazer,
Nessa pele a tua força
Só entrará com convite
Grita. mulher: quero e posso
Rir alto, beber muito
Trabalhar árduo, ganhar igual
Correr na rua: não é por ti
Grita, mulher: eu exijo o ato
Foder forte! Gozar? Todos os dias
Com minhas mãos ou tua língua
Mas só quando eu quiser
Grita o óbvio: meu corpo
Meu deleite, minha festa,
Nessa casa mando eu
E só entra quando eu quiser
Chega de juiz
Chega de governo
Chega de gerência
No nosso corpo, mulher
Chega de culpa
Chega de abuso
Chega de desmando
No nosso corpo, mulher
Fato isolado?
Como o corpo dilacerado?
A vida interrompida?
A alma destroçada?
Até quando mulher?
Até quando menina?
Até quando homem?
Até onde humano?
Eu digo:
Não passarás
Nosso corpo, nosso prazer,
Nossa festa, nossas regras
Mas qual o motivo de tanta revolta, garota? Não sabes? De novo, ultraje, violência e permissividade.
“Mesmo tendo sido preso em flagrante, juiz levou em conta que jovem de 25 anos é réu primário e disse que estupro é “fato isolado”” – Não, não posso, não consigo, não quero calar-me. Não mais…
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/10/justica-manda-soltar-suspeito-de-estuprar-adolescente-na-capital-4620804.html?utm_source=Redes+Sociais&utm_medium=Hootsuite&utm_campaign=Hootsuite
Meu carinho
Vem provido
De mãos
Boca
Língua
E todos
Os meus
Pedacinhos
Que possam
Te interessar
E aguardo
que teu
interesse
Resulte em
Suspiros
Ofegantes
E suor
Sem pudor
Com ardor
Pra escrever o que eu acho sobre tudo que gosto
TROVANDO ideias
todo mundo pode cozinhar
[o acaso da vida existe, a aleatoriedade da escrita: jamais!]
[o acaso da vida existe, a aleatoriedade da escrita: jamais!]
[o acaso da vida existe, a aleatoriedade da escrita: jamais!]